sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Musica para ouvir no celular






Abrindo as cortinas do quarto “O bico do beija flor, beija a flor, beija flor e toda fauna flora grita de amor” (Chico Science) Acordo nesse dia 03 de agosto de 2013, é hora do café, é hora de algumas frutas e pra fugir do som dos humanos que comem e aquecem suas cordas vocais, suas línguas e seus músculos faciais, escolhi um cantinho na frente de um vidro que transparecia o “velho Chico” ali admirei! Que grande! Que belo! E lembrei do meu humilde sonho de nordestino de conhecer o Rio São Francisco tão cantado em violas e poesias dos artistas dessa terra de fumo, suor e sangue. Na próxima parte do café o velho e irresistível cuscuz com salsicha agora com os humanos, um deles me cumprimenta.
Tudo bom, já te vi em algum lugar!
Acho que sou parecido com alguém que você conhece...
Não, não o eu já te vi em algum lugar!
Bucho cheio, pé na estrada “vamos ao trabalho, vamos ao trabalho” (titãs) no set, aprendizado, êita que é gente! Impressionantemente muita gente boa! No cenário uma garrafa com uma vela derretida em cima me chama atenção tinha um rotulo que dizia:  Velho Chico, lembrei mais uma vez do rio. Um dia de gravação...  Silêncio! É prece! Sempre! “Coração, desejo e sina” (Djavan) Esforço que nem cabe nessas linhas, pois não ouvi nenhuma música, não no celular, a música do set é para todos os ouvidos, é comunhão, é concentração é dionisíaca! Na volta sim! Música no celular “é bom pra ioiô, é bom pra iaiá” (Gilberto Gil) de volta ao hotel percebi que ainda era de tarde, obrigado! Uma voltinha no sol “como pássaro o tempo voa a procura do exato momento onde o que você pode fazer fosse agora” (Chico Science) Opa! Mas eu levo ou não o celular? Tá tão perigoso, vou levar!  “Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá” (Gilberto Gil) Atravessei a ponte que divide Petrolina cidade que estava hospedado e Juazeiro cidade que estava trabalhando. Uma caminhada cheia de gente, comércio, sons e a festa as margens do Velho Chico me fazem lembrar que é sabadão!  O sol se põe, resolvo voltar, cruzar a ponte antes de a lua surgir, cansado de tanta musica nos meus ouvidos humanos, resolvo tirar os fones de ouvido, mas, deixo o som chiando pendurado na gola da camisa, pronto! Vou jantar lembrei imediatamente da pizza de ontem geladinha no quarto do hotel, pizza fria é uma delicia. Quando chego ao exato centro da ponte que cruza o São Francisco escuto:
Socorro! Me ajuda!
Nem acreditei, olhei primeiro a avenida, encostei-me ao para peito da ponte e debaixo surgiu um ser humano do sexo feminino sendo arrastado pela correnteza a uns 20KM por hora. Ela me viu.
Socorro! Me ajuda! Socorro! Me ajuda!
Sacudindo os braços, afundando e voltando, se engasgando!
Dei um passo pra esquerda, outro pra direita e pensei: Vou pular! Peraí! Vou, no mínimo, quebrar a perna aqui!
Eu olhei o olho dela e ela me chamou de esperança, mas o tempo não volta, o sol estava indo embora, mais um minuto e ela estaria na escuridão onde nenhuma visão humana (mesmo ouvindo música no celular) poderia Enxergar, gritei socorro para carros a oitenta por hora. Eis que surge um ser humano que não estava ouvindo musica no celular,  estava numa bicicleta, me olhou como quem vê um lobo, ou uma raposa, ele não acreditou. Normal alguns seres humanos não reconhecem outros seres humanos.
Tem uma mulher se afogando corre e avisa pras pessoas que estão lá embaixo! Vai! Vai! Vai!
Ele ficou meio sem acreditar e foi. Ainda conseguia ver a mulher, mas, meus ouvidos  já não escutavam seus gritos, ela usou muita força para chamar minha atenção ela estava nas ultimas, eis que surge outro homem numa bicicleta. Pessoas de bicicleta sem ouvir música no celular atravessam direto aquela ponte. Mas esse ser humano era pelo menos 30 anos mais velho que o primeiro foi muito mais difícil convence-lo de que era verdade ele continuou cruzando a ponte.  Gritei:
Calma!
Vou eu mesmo pedir ajuda, mas, e se eu perder ela pra escuridão do rio? Não podia fazer nada ali em cima, corri atrás de ajuda, encontrei mais seres humanos que não ouviam musicas no celular e eu vibrava entre eles que não se mexiam apenas viravam a cabeça para o rio demorei alguns segundos para perceber que eles estavam dando ela como morta quando na verdade ela lutava feito uma leoa.
Não! Ela está viva!
Tu viu ela passando no meio da ponte foi? (risos) já era! A pessoa afunda!
Percebi que os seres humanos que não estavam ouvindo música no celular são extremamente realistas. O ser humano que me viu como um lobo conseguiu se comunicar com outros seres humanos que estavam num barco que foi procura-la, voltei a ponte e a mulher tinha sumido pra sempre, pelo menos da minha vida. Juntando lobo, raposa e leoa descubro que é quando parecemos animais que somos mais humanos. No final percebi que só eu tinha visto de verdade o que aconteceu. Ninguém tinha perdido ninguém. As lagrimas que se seguiram não servem para esse texto. “Mau me quer a vida segue seu lamento num tanto flor, Leito de rio, no cio, um cheiro de amor, é amor quando não diz é fogo por um tris um trem entrou no meu eu” (Djavan)
Como desejei que aquela ponte fosse um set de filmagem, que aquilo tudo fosse um filme, com trinta pessoas maravilhosas e determinadas a dar o melhor de se, figurinistas, maquiadores, técnicos de luz, de áudio, produtores, uma dezena deles! Como desejei que tivesse ali uma câmera de ombro com um diretor dizendo:
Luz, câmera, ação! Pula Enio, mergulha! Deixa a gente pensar que você morreu! Agora emerge! Pega ela com a mão esquerda e nada com a direita! Leva ela para a margem do rio, isso! Respiração boca a boca! Ela acorda olha pra ele, olhar apaixonado! Beija! Corta! Valeu pessoal!
Não sou policial, bombeiro, salva vidas ou médico. Não fiz nenhum juramento pela vida, mas, não importa muitos fazem juramentos e não cumprem. “somos o que somos inclassificáveis” (Arnaldo Antunes) Sou um artista, todos os dias me pergunto qual meu papel nesse mundo e talvez seja de dizer que a vida não é uma ficção e que devemos ser mais seres humanos na vida real que na ficção.
Depois da pizza gelada com gosto de lagrima dormi duas horas e acordei dizendo:
Preciso de seres humanos!
Desci ao saguão do hotel onde pude contar pra alguém minha história, mas, as pessoas iam sair para ouvir musica sem o celular, juntas!  Outros foram dormir percebi que estava ficando sozinho, eu pensei: Eu não posso ficar só e se eu vejo alguma coisa, quem irá acreditar em mim?
Então aquele ser humano que me encontrou no café da manhã e disse que me conhecia apareceu e me ofereceu seus ouvidos. Alguns seres humanos tem ótimos ouvidos, ouvir é um verdadeiro dom e pouquíssimas pessoas conseguem, portanto se você ver um ouvido gigante por ai, encoste nele, pode ser um ser humano. Ele me ouviu e me fez enxergar o quanto estava sendo egoísta na minha dor. Seres humanos que ouvem tem a capacidade de se tornar espelhos de nossas almas e eu que “quis lutar contra o poder do amor, cai nos pés do vencedor para ser um serviçal samurai Ai! Mas, eu tô tão feliz!” (Djavan)
Talvez, ter tirado os fones do ouvido não tenha mudado nada na vida daquele ser humano do sexo feminino, mas, a minha mudou completamente. Na manhã seguinte o mesmo ser humano que disse que me conhecia, e que tinha me ouvido disse:
Escreve!
O que?
A história!
Tá! Vou escrever.
Aqui estou eu no aeroporto digitando e é claro! Ouvindo música no celular, voltando pros braços da minha amada e dos meus filhos que pretendo proteger das pessoas que não estão ouvindo  música no celular, prometendo a mim mesmo que um dia volto a “Petrolina, juazeiro, Juazeiro, Petrolina todas duas eu acho uma coisa linda eu gosto de juazeiro e adoro Petrolina” (Luiz Gonzaga) e “na dor eu passo um giz, na lição que o sol me traduz, viver da própria luz!” (Djavan)

Enio Cavalcante

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Na Massa! o que move nossa consciência?

Documentário de curta duração produzido por alunos do curso de Comunicação Social como avaliação para a disciplina de Antropologia, ministrada pelo professor Jarbas Couto.
Olavo Luiz Pimentel de Carvalho (Canpinas, 29 de abril de 1947 é um jornalista, ex-astrólogo, filósofo professor, autor, conferencista e ensaísta brasileiro de matriz conservadora, considerado um dos articulistas mais abertamente de direita do país em atividade.
Trabalho de Sociologia sobre Cultura de Massa
Arnaldo Antunes, no show Paradeiro, canta "Na Massa", dele e Davi Moraes. Videoclipe filmado e editado por Nina Cavalcanti