quarta-feira, 4 de março de 2015

Apreciação do espetáculo "Encruzilhada do mundo, ou sobre a areia e o vento" no dia 01 de março de 2015



SOBRE A AREIA E O VENTO

Devia ter orgulho de ser Natalense? Por que?  Por que deveria ter orgulho?

"É um grande desafio contar histórias, biografias, fatos reais, precisamos ser bons contadores, para fazer dar inicio a tudo de novo. E de repente aquilo que  já é passado, é vivido no presente e é cheio de expectativas futuras. Para o "Artista Repórter" sobram os artifícios, suas disciplinas, seu repertorio para não cair no traço da realidade superficial, enfadonha, mascarada e sem vida. É muito bom sentir a atmosfera do passado, suas bifurcações, angustias, duvidas, o tabu era escrito no seu corpo. e o Artista é Artista quando cria isso e deixa o espectador sentir.
Isso foi uma das coisas que guardei da apreciação do ensaio aberto em dezembro de 2013 do espetáculo "Encruzilhada do Mundo ou sobre a areia e o vento". Criação da parceria da Bolobô CIA Cênica e O Atores A deriva com parceria do diretor do grupo XIX de teatro, Luis Fernando Marques, o Lubi.

Essa semana tive novamente a oportunidade de assistir ao espetáculo, no projeto jornada Cultural no teatro Riachuelo. E mais uma vez emocionado com a historia contada. É bom olhar pra trás, ver o que nós somos, ver que sonhos americanos são muito pouco, pois somos guerra, pois nem todos se rendem. Algumas pessoas soltam bombas de ideias! E me pergunto: As outras pessoas sentem? eu sou artista, sei que sou hipócrita! Mas, os meus vizinhos, nas cadeiras ao meu lado? sentem? com suas empresas, seus concursos, suas escolas particulares, seus consumismos, será que eles se tocam que é com a gente, que vivemos com medo, que somos como mísseis teleguiados, será que pensam? ou a mídia, o consumismo o materialismo já destruíram sua criança interior? E A GUERRA TROUXE A ALEGRIA AS RUAS DE NATAL! Esse espetáculo escrito pela jovem dramaturga Luana Menezes, é uma bomba de idéias e se explodem em momentos, para dentro pelo individuo e para fora por um coletivo, onde uma cena termina no começo de outra, onde corações oprimidos encontram um hangar para falar, falar de mim, de você e de Natal.

"Será que o prefeito Carlos Eduardo percebe que é com ele? será que Dácio Galvão percebe?" Acho que sim, apesar da demanda ser grande, pois esse espetáculo foi montado com dinheiro público aprovado em edital. Um dinheiro que antes era gasto numa festa, (com todo respeito ao evento natalino) se tornou um patrimônio algo permanente e não foi só "a encruzilhada", teve "A estrada" da casa da Ribeira e no ano seguinte, grupo Estação Teatro com  "O quintal de Luiz",  o Gira dança e a tropa trupe, A casa da ribeira com Lamatown, e a Bololô com o Margem Ribeira ...  são seis espetáculos, esse ano chegaremos a 14? e depois 8 por ano  até o fim da gestão 30 espetáculos. Com um detalhe. Eles não vivem só três dias. Oitenta por cento deles ficam na gaveta esperando que vocês criem as máquinas de fruição da arte. Mas, ainda sonham com festas, cenas, colunas sociais, trios elétricos, fogos, os artistas da cultura de massa que a população quer...

 e a vida se torna ficação, azaração,
 vou te pegar e andar no meu carrão
 com wuisque e red bull, vou ficar doidão
 e eu vou parar de te dizer
 que já tem muita letra
 e você não vai aprender (forrozão chero de priquito)

Ainda sonham com artistas vendendo produtos na TV? Com seus triângulos amorosos e joguinhos de poder? Ainda sonham com os grandes nomes da nossa música? Eles vem aqui pegam o nosso dinheiro e vão gastar nas suas cidades. Eu sei que tem gente que só quer viver no iê, iê iê. Mas, instituições públicas devem ter compromisso com o pensamento, a reflexão, a alegria de forma saudável, a diversidade como um todo.

A parceria da Rede Potiguar de Teatro, das pessoas de Fernando Yamamoto, de Lenilton Teixera e outros que, juntamente com Dácio Galvão e o  prefeito Carlos Eduardo, foi um "ponta pé" inicial e estamos escrevendo novas páginas na historia do teatro Potiguar. Mas, os espetáculos são caros ,as equipes são grandes, e é preciso criar estratégias de circulação desses espetáculos. Só assim pode ser repassada a ideia, só assim subiremos no avião e espalharemos novas noticias. Nós, quando montamos um espetáculo o tratamos como um bebê recém nascido, então, chega de aborto! Deixem o bebê crescer, chegar adolescência, a velhice e morrer em paz, com sentimento de dever cumprido, de quem nasceu com a simples tarefa de ser assistido. Vamos nos mexer! Acorda Fundação José Augusto! A MAPA vai botar todo mundo no ombro é? vamos mexer esse trem! E tirar do nosso povo esse estigma de: "Cultura nacional e internacional na frente... CULTURA REGIONAL ATRÁS!".